23/07/2009

TOCANDO COM TRAQUITANAS!!!



Tocando com traquitanas, som com garalhufas, barulho de caralhampana e instrumentos de geringonças é o que nosso Mr. Joilson faz de melhor: Transformar o lixo urbano em instrumentos musicais e destes, MUITO SOM!

Como arte educador, ensina percepção musical, percussão tradicional e corporal e ainda a construção de instrumentos musicais utilizando materiais descartados, como embalagens plásticas, tubos de PVC, latas, e outras "traquitanas". Tem o dom de extrair o melhor de tudo o que vê, desde diferentes timbres numa frigideira velha e enferrujada, até musicalidade daquele cidadão acanhado e introvertido. Por isso sua oficina de INSTRUMENTOS MUSICAIS, realizada aos sábados em nosso projeto é algo único e transformador.

Esta oficina teve início em 6/06, e se propôs a aguçar a criatividade dos participantes a criar e desenvolver instrumentos musicais a partir de diferentes objetos, e através deles, ensinar um pouco de musicalidade e abrir um leque de discussões sobre a necessidade de da mesma em nossas vidas, o fim que damos para o nosso lixo e principalmente, como o observarmos com "outros olhos" e transformá-lo significativamente em algo benéfico. No caso MÚSICA!

Como de costume, na primeira oficina, foram apresentadas a proposta de trabalho do projeto da própria oficina, seguida sobre uma conversa franca sobre a problemática do lixo e como fechamento a sugestão de cada aluno criar um crachá de identificação que pudesse ser também um instrumento. Um crachá sonoro.





No sábado seguinte, Mr. Joilson abre a oficina apresentando em vídeo, a performance de dois grandes grupos musicais, que ao desenvolverem seus próprios instrumentos, utilizando-se de objetos nada convencionais, criam novos timbres, novas formas de produção sonora e como resultado presenteiam seus fãs com suas excepcionais músicas e uma cenografia arrasadora. Esses grupos são o STOMP e o BLUE MAN GROUP.

A turma ficou MUITO sensibilizada com o que viram nos vídeos e mal podiam acreditar que aqueles caras podiam inovar tanto e que conseguiam envolver as pessoas em sua magia sonora. Com essa apresentação puderam entender um pouco sobre a busca desse "novo olhar" para as coisas, da reutilização de objetos descartados e o que significam as palavras conceito e identidade. Perceberem, de alguma forma, como aplicá-las, de forma prática no desenvolvimento de seus próprios instrumentos e a partir delas, dar sentido ao som produzido pelos mesmos, como apresentá-los ao público, como utilizá-los de forma lúdica e enriquecedora e envolver aguçados ouvidos.



- Blue Man Group - Drumbone.


- Stomp - Pail Drummers.

Para não perderem essa motivação, proporcionada pelos vídeos, puseram-se a vasculhar, pelos arredores do Projeto Arrastão, objetos que pudessem ser transformados em possíveis instrumentos musicais. Encontraram pedaços de metais, tubos de papelão, restos de madeira, latas, caixas e guardaram tudo para a próxima aula.





No dia 20/06, no primeiro momento da oficina, a galera pôs-se a finalizar a confecção dos crachás sonoros, propostos na primeira aula. Grande parte dos alunos fez os seus baseados em instrumentos percussivos, como chocalhos ou bases para "batuques", já o Mr. Joilson criou um "típico crachá de sopro". Na seqüência fizeram uma visita a dois ferros velhos no entorno da comunidade, com o intuito de vivenciarem uma espécie de pesquisa de campo, onde encontrariam novos e diferentes objetos, que poderiam dar vida a possíveis instrumentos "de perifa".

Voltando ao Arrastão juntaram-se numa roda e utilizando seus crachás musicais, realizaram uma verdadeira jam session, uma roda sonora. Segundo o próprio Joilson, foi um momento de GRANDE maestria, pois ali percebeu-se a integração do grupo, a entrega ao projeto e uma verdadeira promessa de bons resultados.

A oficina se estendeu na semana seguinte, onde iniciaram o desenvolvimento e produção dos instrumentos, recapitulando tudo o que haviam vivenciado e aprendido. Esta aula em específico foi realizada na sala de artes do Arrastão, que segundo o próprio Joilson, foi outro grande ponto de inspiração. Nosso mestre da musicalidade experimental, montou uma grande bancada e espalhando por ela todas as traquitanas inconcebíveis, deixou-as a mercê dos olhares de seus alunos, como fonte de matéria prima para a famigerada criatividade.

Puseram-se a produzir e conversando com o Joilson, pude constatar que tiveram um resultado maravilhoso, onde apareceram ótimos instrumentos e diversas outras idéias para ainda serem colocadas em prática. Pensamos em marcar uma sessão de fotos, para podermos mostrar, aqui no BLOG, os primeiros resultados dessa oficina e acredito que a faremos nessas próximas semanas. Aguardem, hein?


O dia 04/07, foi regado de MUITA musica, uma vez que nosso cientista musical preferiu trabalhar a parte de musicalidade de seus pupilos. Iniciou passando algumas "células rítmicas" com manobras usando latinhas em uma mesa e em seguida distribuiu alguns instrumentos musicais desenvolvidos pelo grupo ARRASTA-LATA, grupo no qual desenvolve trabalho semelhante a esta oficina. Com a "orquestra" montada, regeu a garotada numa nova roda sonora e pode descobrir alguns talentos musicais, que segundo ele são "gente com ritmo na veia"!

Gostaria, antes de encerrar este post, de ressaltar um ponto muito interessante do trabalho desenvolvido pelo Joilson nessa oficina, que é também o tratamento estético do instrumento, o qual se dá com a utilização de cores, materiais de revestimento e as formas, que influenciam diretamente no som e que podem configurar um instrumento totalmente exótico, diferente, extremamente sonoro e até cenográfico, assim como podemos ver em grupos como o BLUE MAN GROUP e o MOLEQUE DE RUA.

Essa preocupação com a estética, a funcionalidade, a preocupação com o meio ambiente e a reutilização de objetos descartados e ditos como LIXO, está intimamente ligada com as bases do design atual, ensinado nas universidades e aplicados diariamente por profissionais, buscando atender as necessidades de interface com o usuário (o ser humano) e o meio ambiente. Isso nos mostra que a humanidade sempre buscou adaptar o meio e as coisas ao seu redor, para sanar alguma necessidade e que fazem design instintivamente sem saber de fato se ele o é. Esta é, talvez, a raiz de nossa discussão nesse projeto e que nos aguça cada vez mais a nos aprofundarmos nesse universo...

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